segunda-feira , 28 abril 2025
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Anúncio do regresso de Joseph Kabila à RDC divide opiniões

Alguns congoleses consideram que Joseph Kabila, como qualquer outro cidadão, tem o direito de regressar à RDC e de se instalar onde quiser.

No entanto, muitos acreditam que o seu regresso através do leste controlado pelos rebeldes confirmaria as acusações do Presidente Félix Tshisekedi de que Kabilaapoia o grupo M23.

Reações nas ruas de Kinshasa

“Como ex-Presidente, ele pode regressar ao seu país como qualquer outro congolês”, afirmou um residente de Kinshasa. “Se ele decidir regressar à sua província natal, não há problema. Se ele quiser ir para o Kasai, por exemplo, não há obstáculos.”

“Mas porque é que ele escolheu Goma?”, pergunta outro cidadão congolês. “Provavelmente porque já lá esteve e conhece bem a região. Mas nós, enquanto congoleses, estamos atentos à evolução da situação”, assegura.

Sete razões da continuação do conflito no leste da RDCongo

“Ele dirigiu este país durante 18 anos, o que significa que nenhum outro congolês tem mais experiência de governação e de gestão dos segredos de Estado do que ele”, disse à DW outro habitante.

Por fim, outro habitante de Kinshasa interroga-se: “O que me dizem é que todos os aeroportos do leste estão sob o controlo dos grupos que nos combatem. Se ele regressar, isso sugere que pode estar ligado a esses grupos. Vimos a mulher dele a viajar para a região. Não há provas de que ele esteja por detrás da situação no leste.”

 

Suspeitas de longa data

Joseph Kabila deixou a RDC em janeiro de 2024. Nessa altura, Augustin Kabuya, secretário-geral da União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), o partido do Presidente Tshisekedi, acusou Kabila de ter fugido do país devido ao seu alegado apoio à rebelião do M23.

Estas acusações foram firmemente negadas pelos membros da Frente Comum para o Congo (FCC), a coligação política de Kabila, mas mantidas pelo Presidente Tshisekedi. Atualmente, a UDPS considera que a escolha de Kabila de regressar através de Goma prova que ele está a tentar desestabilizar o país, como salienta Adolphe Amisi Makutano, da UDPS.

“Compreenderão que a missão foi confiada a um fantoche. Hoje, o responsável por esta missão está a tentar tomar as rédeas. Isto não é grave, mas ele tem de compreender que haverá consequências e que a sua iniciativa vai falhar. O povo congolês está de pé”, sublinha Makutano.

O anúncio do regresso de Joseph Kabila surge no momento em que as delegações do governo congolês e do M23 deveriam reunir-se em Doha, no Qatar, para negociações diretas com vista a resolver a crise que persiste no leste da RDC.

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