segunda-feira , 28 abril 2025
Lar Notícias Há viés político na cassação de Glauber Braga, dizem advogados
Notícias

Há viés político na cassação de Glauber Braga, dizem advogados

Coletivo divulga nota em apoio ao deputado; Sâmia Bomfim (Psol-SP) diz que há força-tarefa para construir linha de defesa

Um grupo de 24 advogados composto por nomes como o de Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, divulgou nota uma nesta 3ª feira (15.mar.2025) em apoio ao deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ), que está em greve de fome desde que o Conselho de Ética da Câmara aprovou, em 9 de abril, a cassação de seu mandato. O congressista responde a um processo por agredir, em abril de 2024, o youtuber Gabriel Costenaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre).

Os advogados afirmam no documento que a determinação de perda de mandato “pode configurar uma punição com viés político ou simbólico excessivo”. O coletivo compara a decisão do conselho com casos anteriores que também envolveram agressão física ou comportamentos considerados incompatíveis com o decoro parlamentar e cita que em nenhum deles houve cassação.

“No geral, em todos esses casos, sem carrear juízos comparativos entre os indiciados ou a suas inscrições partidárias –empurrões em reunião, ofensas verbais, comportamentos agressivos– o Conselho optou por arquivar as representações ou aplicar penalidades não capitais, mas penalidades graduais –censura verbal, suspensão de mandato- considerando o contexto das ações e a proporcionalidade das sanções”, diz o texto.

Para eles, a decisão indica que houve uma “interpretação mais rigorosa da quebra de decoro parlamentar” no caso de Braga. Os advogados também escreveram que a medida “só se justifica por uma intensificação polarizada de antagonismos políticos”. Defendem que a determinação deveria seguir o princípio de proporcionalidade, “não só com o fato praticado, mas com os precedentes aplicados a condutas similares”.

O coletivo ainda declara que a mudança de penalidade em relação a casos semelhantes anteriores pode afetar a “confiança legítima e da previsibilidade da sanção”. Eles defendem que a punição contra Glauber poderia ser atenuada se o conselho considerasse que a agressão foi feita em “reação a uma provocação direta” do integrante do MBL.

“A intensificação da sanção sem observância dos precedentes, da proporcionalidade e da função ético-pedagógica da pena pode ser caracterizada como violação do princípio da legalidade material, do devido processo substancial e da dignidade da pessoa humana”, dizem os advogados.

Leia quem assinou a nota dos advogados:

  • José Geraldo de Sousa Junior, professor emérito da Universidade de Brasília, ex-Diretor da Faculdade de Direito e Ex-Reitor da UnB; membro benemérito do Instituto dos Advogados Brasileiros;
  • Alfredo Attié, presidente da Academia Paulista de Direito;
  • Alexandre Bernardino Costa, diretor da Faculdade de Direito da UnB;
  • Cezar Britto, advogado, integrante da Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz. Ex-presidente da OAB Nacional e da União dos Advogados da Língua Portuguesa;
  • Ana Paula Daltoé Inglêz Barbalho, advogada, presidente da Comissão Justiça e Paz de Brasília;
  • Tarso Genro, ex-governador do Rio Grande Do Sul e ex-ministro da Justiça;
  • Carol Proner, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia;
  • Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, advogado;
  • Melillo Dinis do Nascimento, advogado em Brasília, doutor em Ciências Sociais e Jurídicas, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral;
  • José Eymard Loguércio, advogado, assessor jurídico nacional da CUT Brasil, integrante da Rede Lado;
  • Pedro Armando Egydio de Carvalho, procurador do Estado de São Paulo;
  • Benedito Mariano, ex-ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo;
  • Antonio Escrivão Filho, professor da Faculdade de Direito e Coordenador do Núcleo de Estudos para a Paz e os Direitos Humanos da UnB;
  • Lívia Gimenes Dias da Fonseca, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília;
  • Gladstone Leonel Jr, professor de Direito da UnB;
  • Renata Vieira, advogada e mestre em Direitos Humanos e Cidadania na UnB;
  • Talita Tatiana Dias Rampin, professora da Faculdade de Direito da UnB;
  • Diego Vedovatto, advogado;
  • Miguel Pereira Neto, advogado;
  • Rafael Modesto dos Santos, advogado;
  • Edemir Henrique Batista, advogado;
  • Gabriel Dário, advogado e articulador da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares;
  • Iara Sanches Roman, advogada;
  • Charlotth Back, advogada e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia;
  • Ney Strozake, advogado integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.

VIÉS POLÍTICO

A nota se alinha com o discurso de Braga, que diz ser alvo de perseguição política. O deputado e seu partido foram responsáveis por iniciar a ação judicial que fez o STF (Supremo Tribunal Federal) travar a destinação de emendas, em 2024.

À época, o congressista disse que o então presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), “sequestra” o Orçamento com a execução de emendas de congressistas.

Lira nega perseguição contra Braga. “De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima por parte do deputado Glauber Braga e ressalto que qualquer insinuação da prática de irregularidades, descasada de elemento concreto de prova que a sustente, dará ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis”, disse o ex-presidente da Casa Baixa em suas redes sociais.

A desconfiança de atuação do comando da Casa em prol de sua cassação aumentou no dia da decisão do Conselho de Ética, em 9 de abril, porque o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamou a Ordem do Dia, fase de votação de propostas no plenário da Casa, só depois do fim da reunião da comissão.

Quando a Ordem do Dia é chamada, todas as comissões têm de ser paralisadas. Segundo apurou o Poder360, Motta, que está fora nesta semana, tem dito a integrantes do Psol que não vai interferir. De acordo com a deputada Sâmia Bomfim (Psol-RJ), casada com Braga, o presidente da Casa não deu nenhuma sinalização de saída.

FORÇA-TAREFA

Nesta 3ª feira (15.abr), Sâmia disse a jornalistas na Câmara que há uma força-tarefa de advogados para construir a linha de defesa de Braga. A decisão é de apresentar os argumentos no recurso interno, que deverá ser entregue à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) até 22 de abril de 2025.

Sâmia afirma que o partido vai utilizar o “prazo máximo” para apresentar o recurso. Se a CCJ aprovar a resposta de Braga, o caso volta ao Conselho de Ética. Conta a favor do deputado o fato de que a composição da comissão vai se alterar na semana que vem, de acordo com o que determina o regimento interno da Câmara.

Se o recurso for recusado, ele segue para o plenário e é a Mesa Diretora, comandada por Motta, que vai definir como essa apreciação será feita.

A deputada disse que os advogados estão empenhados em estudar cada hipótese para reverter o processo de cassação. “Estão, inclusive, indo em uma linha que é muito importante do tema da desproporcionalidade da pena”, afirmou. Mas Sâmia disse que a linha de defesa ainda não está fechada.

A congressista destacou a atuação de líderes e ministros do governo para pressionar por uma interlocução com os deputados, com o objetivo de reverter a decisão de cassar o mandato de Braga.

Nesta terça, o deputado também recebeu uma nota de apoio do coletivo Emaús, composto por intelectuais e religiosos, além de um ato do movimento estudantil, realizado no Plenário 3 da Câmara, ao lado do Plenário 5, onde Braga está acampado.

O deputado não participou do evento para resguardar sua saúde, que já começa a dar sinais de debilidade por causa da greve de fome. Mas, já perto do fim do encontro, Braga apareceu, acenou aos estudantes e ouviu gritos de “Glauber fica!”.



Fonte

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Funcionário é preso por estupro de paciente no Hospital das Clínicas em SP

Funcionário é preso por estupro de paciente no Hospital das Clínicas em...

Conselho Deliberativo do Corinthians vota contas de 2024

Reunião acontecerá nesta 2ª feira (28.abr.) no Parque São Jorge; balanço financeiro...

Apagão na Espanha paralisa Masters de Madri

Falha na rede elétrica interrompeu 3 partidas de tênis em andamento e...

Investimento direto no país cai 11,6% no 1º trimestre

Saldo foi de US$ 21,8 bilhões de janeiro a março, o mais...