Aparentemente, Luanda deixou de ser a capital mais importante para Washington entre as capitais africanas, e o Corredor do Lobito perdeu parcialmente a mediatização. Noutro extremo, a NATO, a maior aliança militar do mundo, parece mais fraca, e diante de um ataque militarmente brutal vindo de Moscovo contra Sumy, na Ucrânia, que, no Domingo de Ramos matou 35 pessoas e feriu mais de 100, Donald Trump, o presidente norte-americano, de acordo com a CNN Portugal, reagiu assim: “disseram-me que tinham cometido um erro”.
É notória a falta que o ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o democrata Joe Biden, está a fazer a Angola e aos países do bloco europeu, que, juntamente com a Nação mais poderosa do mundo, compõem a NATO, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma força militar inequivocamente dissuasora.
No caso particular de Angola, por exemplo, na maioria dos anos, os EUA olharam para o país com desconfiança, face não só a aproximação de Luanda a Moscovo, mas também pela então adopção do modelo político em parte à semelhança dos russos. Porém, ainda senador, Joe Biden já entendia que era possível atrair Angola para a esfera de influência dos EUA.
E ao ascender ao poder, em 2021, tornou essa perspectiva em realidade. Estreitou os laços entre os EUA e Angola como nunca tinha ocorrido na história. Sob Administração Biden, os norte-americanos investiram nas telecomunicações em Angola, tiveram uma intervenção real na evolução de Angola no processo de transição para energia renovável, e, como disse o próprio Chefe de Estado americano, Angola se tornara na Nação “mais importante para os EUA em África”.
Além de parcerias económicas, também foram rubricadas importantes parcerias no campo militar, tendo o Presidente angolano, João Lourenço, manifestado o desejo de rearmar as Forças Armadas Angolanas com o equipamento militar da NATO, maioritariamente fornecido pelos EUA.
O sector político também não passou ao lado dessa parceria, sobretudo a nível da geopolítica. Por exemplo, Angola passou a estar alinhada com a posição política dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), e Washington passou a expressar igualmente apoio às intervenções de Angola ao nível do continente africano.
Diferentes analistas são do entendimento de que se Biden continuasse à frente da Casa Branca, ainda sob mediação angolana, o conflito entre a República Democrática do Congo e o Ruanda não teria conhecido o presente caminho. Ou seja, não se teria negligenciado a mediação angolana para substituí-la pelo Qatar.
A voz de Angola, pelo menos ao nível africano, seria mais ouvida e respeitada, e o Corredor do Lobito já teria, se calhar, ganhado outro fôlego.
Portanto, se Angola ressente com a ausência de Joe Biden no principal cenário político internacional, a Europa e a Ucrânia ressentem ainda mais.
A Administração Trump, que substituiu Joe Biden, considera que o maior perigo para o Ocidente vem de dentro, na Europa, e que não é a Rússia, como se vem propalando. Ainda para a referida Administração, Zelensky e Putin estão no mesmo patamar no âmbito da responsabilidade pelo início da guerra na Ucrânia, e, neste rol, a mesma Administração coloca também o Governo de Joe Biden.
Para a satisfação de Putin e da Rússia, os EUA, agora comandados por Donald Trump, retiraram importantes ajudas à Ucrânia, que eram vitais para a defesa desse país invadido pelo vizinho.
Contrariamente a Joe Biden, que havia sinalizado bem claramente a diferença entre uma democracia real e o autoritarismo, bem como tornado a NATO mais una, dinâmica e dissuasora, além de ter estremecido o chão dos líderes autoritários, Donald Trump parece mirar contra os aliados da América. Enfraqueceu a NATO, a maior organização militar do mundo, por via da qual os EUA mantêm presença e influência em todo o globo.
Portanto, entre os aliados e amigos, com a excepção de Israel, Angola e o mundo ocidental ressentem a ausência de Joe Biden, o democrata que marcou o seu tempo.
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