Em 25 de janeiro de 1971, o General de Divisão Idi Amin depôs o presidente Milton Obote, assumindo o poder de Uganda e marcando o início de um dos períodos mais sangrentos e autoritários da história do país. Obote, que havia se tornado o primeiro chefe de estado eleito após a independência de Uganda em 1962, estava em uma reunião internacional em Singapura quando o golpe ocorreu. A partir de então, Idi Amin impôs um regime marcado por abuso de direitos humanos, repressão política, corrupção e uma economia devastada.
A Ascensão de Idi Amin no Exército

Idi Amin nasceu em 1925, em Uganda, e iniciou sua carreira militar de forma humilde, como assistente de cozinheiro no Exército Britânico. Ao longo dos anos, subiu rapidamente nas fileiras e se envolveu em várias campanhas militares, incluindo a luta contra os guerrilheiros Mau Mau no Quênia. Em 1962, Uganda conquistou a independência, e Amin se tornou uma figura chave nas forças armadas do país. Ele foi promovido a Coronel em 1964 e, em 1966, foi nomeado vice-comandante das forças armadas de Uganda. A relação de Amin com o então presidente Milton Obote era inicialmente cordial, com o líder confiando nele para comandar o exército. Porém, essa confiança seria fatal.
O Golpe de Estado e o Reinado de Terror
O golpe de 1971, arquitetado por Idi Amin, não foi um ato repentino, mas o culminar de uma série de tensões e intrigas no governo de Obote. Amin assumiu o controle do país enquanto Obote estava no exterior. A princípio, a população celebrou sua ascensão, mas a verdadeira natureza de seu regime logo se tornou clara. Em um curto período de tempo, Amin iniciou uma série de expurgos violentos no exército, matando milhares de pessoas, especialmente aquelas pertencentes às tribos rivais de seu grupo étnico, os nubianos. Durante seu governo, cerca de 500.000 pessoas foram mortas, incluindo intelectuais, estrangeiros e opositores políticos.
A Violência e a Ruína Econômica de Uganda
O regime de Idi Amin foi marcado por um crescimento sem precedentes da violência política e perseguição étnica. Ao mesmo tempo, a economia de Uganda sofreu uma queda dramática. O novo presidente ordenou a expulsão de todos os asiáticos com passaportes britânicos do país, arruinando o setor comercial e enfraquecendo ainda mais a economia. A impressão de dinheiro e o aumento dos gastos do governo causaram inflação e agravaram a crise econômica. Amin, isolado no cenário internacional, procurou ajuda de líderes como Muammar Gaddafi, da Líbia, mas seu regime se tornou cada vez mais autocrático e paranoico, incluindo um ataque violento a seus próprios aliados, e um crescente número de exilados e vítimas do seu regime.
A Queda de Idi Amin e o Exílio
Após anos de autoritarismo e violência, o regime de Amin entrou em colapso. Em 1978, suas tropas invadiram a Tanzânia, o que desencadeou uma resposta militar do presidente Julius Nyerere. Em 1979, o exército tanzaniano, com o apoio de forças rebeldes ugandesas, derrotou as tropas de Amin, forçando-o a fugir para o exílio na Líbia. Posteriormente, Amin se estabeleceu na Arábia Saudita, onde viveu até sua morte em 2003, sem mostrar remorso por suas ações.
O Legado de Idi Amin
Idi Amin foi uma das figuras mais brutais e excêntricas da história moderna. Conhecido como o “Açougueiro de Uganda”, ele foi responsável por uma das ditaduras mais cruéis da África. Seu reinado deixou cicatrizes profundas no país, cujos efeitos econômicos, sociais e políticos perduram até hoje. Amin se tornou um símbolo de como o poder absoluto pode corromper, levando um país à ruína.
Leia mais sobre o impacto histórico de Amin no BBC History ou sobre as consequências econômicas de seu regime no World Bank.
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