Quase todos os povos de toda a extensão africana chegaram a ser submetidos a colonização, e embora os colonizadores, na sua maioria ocidentais, tenham se retirado em geral a meio século do continente, mantiveram/mantêm relações privilegiadas com as antigas colónias, levando-as (pelo menos no papel) ao sistema democrático, além de tratar do seu sistema de segurança. Mas ao que tudo indica, os líderes ocidentais tiveram/têm mais preocupação em proteger os seus homólogos africanos ditadores, que lhes fornecem/forneciam recursos naturais diversos em troca de protecção de seus regimes, enquanto o povo afunda a cada dia na pobreza, facto que, além de outros factores, têm sido apontados como razão de golpes de Estado.
O presidente e capitão burquinabé, Ibrhaim Traoré, é o mais novo protegido de Vladimir Putin, e da República da Rússia. Traoré lidera o Burkina Faso, desde Setembro de 2022, após protagonizar um golpe de Estado contra um outro oficial militar que havia dado um golpe de Estado em Janeiro daquele mesmo ano.
Traoré esteve na Rússia em 2023, para uma reunião com Vladimir Putin e outros líderes africanos, visando demonstrar ao mundo ocidental sobre o novo caminho que muitos países africanos desejam palmilhar.
“Hoje, a aliança construtiva, confiante e voltada para o futuro entre a Rússia e a África é particularmente significativa e importante”, dissera na ocasião o presidente russo, Vladimir Putin.
Desde aquele encontro de 2023, tem sido notório o estreitamento das relações entre Traoré e Putin (Burkina Faso e a Rússia). O militar, que ao tomar o poder fora do quadro constitucional prometera devolver o poder aos civis, e promover eleições, tem cortado relações económicas e de segurança com a França.
E desde que ascendeu ao poder, em parte graças a Rússia, sobreviveu a vários atentados. Os russos estão não só a fornecer equipamento militar e de inteligência ao Burkina Faso, como também a destacar homens no terreno. De acordo com dados disponíveis, em 2024, cerca de 100 operativos militares russos desembarcaram em Ouagadougou, sendo que para este ano de 2025 estão previstos o envio de mais homens, que servirão não só para proteger o presidente Traoré como também para preparar o exército local na sua luta contra o extremismo islâmico.
Enquanto a relação entre Traoré e Putin vai se intensificando, há a sensação de que longe deverá ficar qualquer projecto para elevar o país à prática democrática.
E diferentes observadores atribuem responsabilidade dessa situação que se resvala para vários outros países africanos, às Nações ocidentais.
Vale sublinhar que quase todos os povos de toda a extensão africana chegaram a ser submetidos a colonização, e embora os colonizadores, na sua maioria ocidentais, tenham se retirado em geral a meio século do continente, mantiveram/mantêm relações privilegiadas com as antigas colónias, levando-as (pelo menos no papel) ao sistema democrático, além de tratar do seu sistema de segurança. Mas ao que tudo indica, os líderes ocidentais tiveram/têm mais preocupação em proteger os seus homólogos africanos ditadores, que lhes fornecem/forneciam recursos naturais diversos em troca de protecção de seus regimes, enquanto o povo afunda mais e mais na pobreza, facto que, além de outros factores, têm sido apontados como razão de golpes de Estado.
Ou seja, o Ocidente pouco fez para a democratização de África. Optaram por conceber aliados por via dos quais tinham acesso à vários recursos dos países, facto que causou irritantes a cidadãos medianos, intelectuais e militares.
Vários relatórios de inteligência concluem que, em muitas realidades, a vaga de golpes de Estado ocorre em resposta à fuga ao limite de mandatos por parte de diferentes presidentes, e como exemplo são apontados o Chade, o Gabão, a Guiné, Sudão e o Zimbabué, países cujas presidências tiveram uma duração média de 30 anos por mandato. Estes presidentes que levaram todo este tempo à frente dos destinos de seus países, tinham na maioria das vezes a protecção de líderes políticos e militares ocidentais.
Os mais recentes golpes de Estado contra líderes democraticamente eleitos no Níger, Mali e Burkina Faso, por exemplo, são apontados, em relatórios, como tentativas de restaurar a governança militar em países com longos (e desastrosos) legados de regime militar. Nestes casos, estes golpistas têm justificado o caos causado à ordem constitucional com a necessidade de se “devolver o poder ao povo”, “restaurar o país”, bem como ‘afastar os imperialistas ocidentais”, por conta da protecção que estenderam a ditadores disfarçados de democratas, portanto, a multiplicação de líderes golpistas em África resulta em parte significativa à estratégia falhada do Ocidente.
Entrada em cena da China
Numa perspectiva da cooperação da ganha-ganha, a China não compete com a Rússia no Burkina Faso. Mas tem deixado claro que quer igualmente melhorar a relação com esse país africano. Em 2024, por ocasião do 6º aniversário do restabelecimento das relações diplomáticas entre a República Popular da China e Burkina Faso, a Embaixada da China em Burkina Faso realizou uma recepção à equipa diplomática burquinabé, tendo no mesmo ano o gigante asiático prometido um financiamento significativo.
Falando no evento, Lu Shan, embaixador da República Popular da China em Burkina Faso, elogiou os esforço e progressos da presidência do Burkina Faso, feitos nos sectores da defesa e segurança até a agricultura, educação, infraestrutura e saúde.
“Este ano, quando visitei a comunidade chinesa, entendi que o número de produtoras chinesas está em constante crescimento e os trabalhadores chineses e burquinabés estão trabalhando juntos na escala de produção. Isso confirma que a cooperação ganha-ganha entre nossos dois países em todos os níveis é uma realidade”, dissera o diplomata.
O conteúdo Estratégia falhada ocidental levou Burkina Faso e outros às “mãos” russas e chinesas aparece primeiro em Correio da Kianda – Notícias de Angola.
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