O povo do Uruguai está em luto pela partida de um dos seus líderes mais adorados. Assim que assumiu a presidência deste país sul-americano, de 2010 à 2015, José Alberto “Pepe” Mujica Cordano ficou mundialmente conhecido por levar um estilo de vida austero, simples e durante o seu mandato, doava 90 por cento do seu salário, um facto que levou-lhe ao cognome de ‘presidente mais pobre do mundo’.
É sabido que o ex-presidente foi muito apegado ao seu animal de estimação, a cadela Manuela e a chamava de “Rainha da Casa”, chegando a pedir que assim que falecesse, que o seu corpo fosse cremado e que as suas cinzas, fossem depositadas sob a mesma árvore onde Manuela foi enterrada.
Para o câmbio actual, Pepe Mujica poderia auferir um salário mensal de USD 12,5 mil (11.444.923 kwanzas), mas rejeitou após a tomada de posse, optando por receber apenas USD 1.250 por mês (1.146.250 kwanzas no câmbio actual, mas na época valia cerca de 150 mil kwanzas). Para o uruguaio, esse valor era “mais do que suficiente” para viver dignamente e assim preferiu dividir o seu tempo entre o gabinete do Executivo e o trabalho no campo com a sua esposa Lucía Topolansky.
O património deixado por este antigo dirigente político é incerto, mas em entrevista declarou ser proprietário da fazenda onde viveu até aos seus últimos dias, que está avaliada em mais de 71 milhões de kwanzas. Também possuía como bens, dois terrenos avaliados em quase 9 milhões de kwanzas e dois carros de 1.700.000 kwanzas.
Em cinco anos a frente do seu país, Pepe doou 93.000.000 de kwanzas para construir casas às famílias necessitadas.
Os uruguaios terão a chance de se despedir do seu antigo líder nesta quarta-feira, 14, em Montevidéu. O velório aberto ao público começou às 12h00 de Angola, com um cortejo fúnebre da Torre Ejecutiva, sede da presidência, em direcção ao Palácio Legislativo. A viúva Lucía Topolansky foi aplaudida na ocasião.
Em suas últimas declarações públicas, destacou a importância da democracia e do respeito às diferenças:
“É fácil ter respeito por quem pensa como tu, mas é preciso aprender que a base da democracia é o respeito por aqueles que pensam diferente”.
O ex-guerrilheiro e militante de esquerda, morreu aos 89 anos, nesta terça-feira, 13, vítima de um tumor no esôfago em estágio avançado.
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