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Ameaça de Israel às negociações nucleares com o Irão: análise geopolítica

O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem ameaçado atacar as principais instalações de enriquecimento nuclear do Irão, enquanto a administração de Donald Trump tenta negociar um novo acordo nuclear com Teerão, expõe as tensões crescentes no Médio Oriente. A administração Trump, desde o início do seu segundo mandato, tem priorizado a diplomacia para conter o programa nuclear iraniano, após abandonar o Acordo Nuclear de 2015 (JCPOA) em 2018.

As negociações, iniciadas em Abril de 2025 em Omã, buscam limitar a capacidade de enriquecimento de urânio do Irão, que actualmente possui 275 kg de urânio enriquecido a 60%, próximo do nível necessário para armas nucleares (90%). Israel, por sua vez, planeava ataques às instalações nucleares iranianas já em maio de 2025, exigindo apoio militar dos EUA, incluindo reabastecimento aéreo e inteligência. Trump, no entanto, rejeitou a proposta, optando por negociações, após debates internos que destacaram os riscos de uma guerra regional mais ampla.

Netanyahu insiste numa política de “zero enriquecimento” e desmantelamento total da infraestrutura nuclear iraniana, semelhante ao acordo da Líbia em 2003, enquanto o Irão defende o seu direito a enriquecer urânio para fins pacíficos. A posição de Israel, segundo fontes, reflete a percepção de uma janela de oportunidade, dado o enfraquecimento militar do Irão após ataques israelitas às suas defesas aéreas e proxies como o Hezbollah.

Implicações Geopolíticas

Tensões Israel-EUA: A ameaça de Netanyahu de agir unilateralmente, mesmo sem o apoio de Trump, cria fricções com Washington. A administração americana teme que um ataque israelita sabote as negociações e provoque retaliações iranianas, potencialmente envolvendo os EUA num conflito directo. A relutância de Trump em apoiar acções militares imediatas, apesar de manter a opção militar em aberto, evidencia um equilíbrio delicado entre apoiar Israel e evitar uma escalada.

Riscos Regionais: Um ataque às instalações nucleares iranianas, como Natanz ou Fordow, poderia desencadear uma resposta militar significativa, incluindo mísseis balísticos contra Israel. A possibilidade de contaminação radioactiva e a escalada para uma guerra regional preocupam países do Golfo, aliados dos EUA, que se opõem a acções que destabilizem ainda mais a região. Além disso, a retomada do conflito em Gaza complica a capacidade de Israel de focar-se no Irão.

Impacto nas Negociações: As conversações em Roma, marcadas por divergências sobre o enriquecimento de urânio, enfrentam um obstáculo crítico. O enviado americano Steve Witkoff insiste em “zero enriquecimento”, enquanto o Irão rejeita essa exigência. A pressão de Israel, com preparativos militares activos, incluindo exercícios aéreos, aumenta a urgência de um acordo, mas também o risco de colapso das negociações.

Desafios e Perspectivas

A postura agressiva de Netanyahu, que vê no enfraquecimento do Irão uma oportunidade estratégica, contrasta com a abordagem diplomática de Trump, que busca evitar um conflito directo. No entanto, a insistência de Israel num ataque, mesmo sem apoio americano, pode forçar os EUA a reforçar o seu compromisso com a segurança israelita, fornecendo, por exemplo, bombas “bunker buster” para atingir instalações subterrâneas. Por outro lado, um ataque unilateral poderia isolar Israel diplomaticamente e agravar tensões com aliados ocidentais.

Conclusão

As ameaças de Netanyahu de atacar as instalações nucleares iranianas colocam em risco as negociações lideradas por Trump, aumentando a probabilidade de um conflito regional. A solução exige um equilíbrio entre pressão diplomática e garantias de segurança, com um acordo que limite o enriquecimento iraniano sem comprometer a sua soberania. Angola e a comunidade internacional devem defender a diplomacia para evitar uma guerra cujas consequências seriam devastadoras para a estabilidade global.

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