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Coreia do Sul elege presidente após lei marcial e impeachment

Eleição será realizada na 3ª feira (3.jun), 2 anos antes do previsto; Yoon Suk-yeol foi destituído do cargo em abril

A Coreia do Sul realiza novas eleições presidenciais na 3ª feira (3.jun.2025) para escolher o sucessor de Yoon Suk-yeol, destituído do cargo em abril. Cerca de 44 milhões de cidadãos estão aptos a votar para definir o novo presidente, que cumprirá mandato de 5 anos, sem possibilidade de reeleição. O voto, porém, não é obrigatório.

O pleito foi convocado após o Tribunal Constitucional confirmar o impeachment de Yoon em 4 de abril de 2025. Eleito em 2022, teve o mandato encerrado depois de declarar lei marcial em dezembro, alegando ameaças de “forças antiestatais” e da Coreia do Norte. A medida foi motivada, na prática, por bloqueios da oposição a propostas do governo.

A legislação sul-coreana exige a realização de novas eleições em até 60 dias. No país, o sistema presidencialista é de chapa única: não há vice-presidente. Na ausência do chefe do Executivo, o cargo é exercido interinamente pelo primeiro-ministro.

Desde a saída de Yoon, a Coreia do Sul teve 3 presidentes interinos: o ministro das Finanças Choi Sang-mok, o então primeiro-ministro Han Duck Soo — também destituído — e o ministro do Trabalho Lee Ju-ho, que está no posto há 1 mês.

As seções eleitorais funcionarão das 6h às 20h do horário local (das 18h de 2 de junho às 8h de 3 de junho no horário de Brasília). Sul-coreanos residentes no exterior votaram entre 20 e 25 de maio.

Detalhes da eleição

Esta é a 1ª eleição presidencial em 18 anos sem candidatas mulheres. A pioneira foi Hong Suk-Ja, que se lançou em 1987, mas desistiu antes da votação.

Eis a lista de concorrentes ao cargo:

  • Lee Jae-myung (Partido Democrata, centro-esquerda);
  • Kim Moon-soo (Partido do Poder Popular, direita);
  • Lee Jun-seok (Novo Partido da Reforma, centro-direita);
  • Kwon Young-guk (Partido Democrático Trabalhista, esquerda);
  • Hwang Kyo-ahn (independente); e
  • Song Jinho (independente).

Jae-myung, que perdeu a eleição de 2022 para Yoon por só 0,73 ponto percentual — a disputa mais acirrada da história do país —, lidera as pesquisas de intenção de voto. Kim Moon-soo aparece em 2º lugar, seguido por Lee Jun-seok.

“Considerando o histórico de Jae-myung e do partido, não devemos esperar uma guinada muito radical, já que é uma sigla de centro-esquerda. Deve haver mudanças em alguns pontos, como na relação comercial com os EUA e na tentativa de reduzir tensões com a Coreia do Norte. Lee é relativamente mais progressista que Yoon”, disse Fernanda Medeiros, professora de Relações Internacionais no UniCEUB (Centro Universitário de Brasília), sobre eventual vitória do favorito na Coreia do Sul.

A lei marcial e o impeachment

Em 3 de dezembro de 2024, o então presidente Yoon Suk-yeol declarou lei marcial no país, alegando a necessidade de proteger o país contra “forças antiestatais” e acusando a oposição, majoritária no Parlamento, de colaborar com a Coreia do Norte. A medida suspendeu atividades políticas, censurou a imprensa e mobilizou tropas para cercar a Assembleia Nacional.

A lei foi revogada horas depois, após pressão popular e de parlamentares — inclusive aliados de Yoon — que convocaram uma sessão de emergência. Diante dos protestos e da oposição institucional, Yoon se afastou do cargo.

O impeachment foi aprovado em 14 de dezembro por 204 dos 300 parlamentares. A decisão foi confirmada pelo Tribunal Constitucional em abril de 2025. Yoon está impedido de exercer cargos públicos por cinco anos.

Segundo Medeiros, o episódio evidencia tensões no regime democrático do país.

“Revela fragilidade porque o partido de Yoon é um dos maiores do país. E mostrou a intenção de instrumentalizar até o conflito com a Coreia do Norte para justificar a lei marcial. Porém, não se pode falar em colapso democrático. A reação rápida da população e do Parlamento indica que o episódio pode ter sido uma anomalia.”, afirmou.

Para a professora, a destituição de Yoon pode ter impacto direto no pleito de 3ª feira (3.jun), uma vez que os efeitos de um impeachment costumam ser grandes para o partido da autoridade removida.

Depois do impeachment da presidente Park Geun-hye em 2017, a oposição venceu as eleições, como costuma acontecer em situações assim. É natural [a alternância] e é o que deve acontecer agora”, declarou.



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