O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, criticou, em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), os líderes africanos que procuram por mediação fora do continente para os seus conflitos, e sublinhou não ver qualquer evolução na crise de segurança da RDC, mesmo após as intervenções dos Estados Unidos da América e do Qatar.
Embora não tenha citado nomes precisos, ficou claro quem foi o destinatário da aparente indignação do Chefe de Estado angolano.
“No caso concreto da RDC, que buscou por outras paragens, foi-se parar à Doha, foi-se parar a Washington DC. Bom, até aqui não vemos nenhuma evolução.(…) Então, a responsabilidade disso só pode recair sobre quem tomou a decisão de fugir da solução africana”, disse João Lourenço.
“O país continua dividido, temos de ser realistas. O governo central de Kinshasa não controla duas importantes províncias: o Kivu Norte e o Kivu Sul. Ali há outras autoridades fora do controlo da capital, de Kinshasa. A situação da pilhagem de recursos do país não alterou para melhor, continua”, acrescentou o Presidente angolano.
Para João Lourenço, esses líderes africanos que procuram por uma solução de conflito alheia à geografia africana, estão a atribuir uma certificação de que a União Africana não vale absolutamente nada.
De referir que, a RDC tem sido fustigada pelo grupo rebelde 23 de Março (M23) há mais de uma década, tendo o governo perdido o controlo de parte importante do território.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), para essa investida contra a RDC, o M23 vem contando com o apoio financeiro, material e humano do Ruanda, país vizinho.
Segundo a ONU, o Ruanda empregou entre 3 mil e 4 mil militares na RDC em apoio ao M23.
Angola, na pessoa do Presidente João Lourenço, que vinha mediando o conflito, evitava, olho nos olhos, dizer ao seu homólogo ruandês, Paul Kagame, que tinha de sair das fronteiras congolesas. Porém, fê-lo em Janeiro deste ano, quando o M23 tomou a cidade de Goma.
Na sequência, João Lourenço exigiu expressamente a saída das tropas ruandesas da RDC, e condenou a ocupação de Goma pelos rebeldes, tendo também convocado uma cimeira urgente em Luanda para restaurar o diálogo e garantir um acordo de cessar-fogo.
Portanto, os esforços de Luanda para a paz em Kinsahsa foram pouco frutíferos, concorrendo assim para que Félix Tshisekedi, o presidente da RDC, buscasse pela mediação de Doha, e mais tarde de Washington. Contudo, a situação permanece a mesma com os rebeldes avançando em diferentes pontos.
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