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Angola dá passos com indicadores de aproximação aos BRICS

Há uma questão que não se quer calar: Angola continua a ser o país mais importante para os Estados Unidos da América em África, como havia garantido o antigo presidente norte-americano, Joe Biden? Portanto, parece que as autoridades angolanas nem pretendem aguardar por uma resposta da parte de quem actualmente dirige a Casa Branca, e vai fazendo o seu caminho a nível internacional. Numa única semana, o Presidente João Lourenço, que tem liderado a diplomacia económica para atrair mais investidores para Angola, visitou o Egipto, um dos mais importantes países árabes; e a Índia, uma Nação que, na visão do CEDESA, Angola deve aliar-se face à sua robustez económica e sua forte presença do Golfo.

Com a saída de Joe Biden da presidência norte-americana, a República de Angola tem caminhado com vista a refazer sua agenda no quadro da geopolítica, dado que perdeu o inequívoco aliado de peso.

Joe Biden não garantia ser amigo de Angola por meras palavras, fazia-no com acções. Enviou para Luanda os mais importantes membros de sua Administração, impulsionou celebrações de acordos em áreas chaves para o desenvolvimento de Angola, como a economia, tecnologia e no sector de defesa e segurança. Por fim, ele próprio visitou Angola, tornando-se assim no primeiro presidente norte-americano a visitar o país em toda história.

Apoiou a mediação de Angola no conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, este que vem sendo acusado de ajudar o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), e apoiou igualmente a candidatura de Angola/João Lourenço a presidente da União Africana.

Politicamente, Joe Biden andou de mãos dadas com o Presidente João Lourenço. Alinharam em quase tudo quanto era matéria de cariz internacional, sobretudo em relação à guerra de invasão da Rússia contra a Ucrãnia.

Com a sua partida da vida política activa, Angola ficou como que órfão, sem um guarda chuva de internacional, o que obriga o país a refazer sua agenda geopolítica. O actual presidente norte-americano, o republicano Donald Trump, dá mostras de descaso em relação a muitas situações africanas, e em relação a Angola não foge à regra.

Avisado, o Governo angolano tem dado passos. Em meio a intromissão externa, mais sobretudo por assumir a presidência da União Africana, o Presidente João Lourenço optou por largar a mediação do conflito entre a RDC e o Ruanda, e já antes, em Fevereiro deste ano de 2025, Angola optou por votar em abstenção na ONU, no processo de votação de uma Resolução aprovada na Assembleia Geral da ONU, que visou condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia e subsequente guerra, uma estratégia que já não era vista da parte de Angola na era Biden.

Além do aparente esfriamento nas relações entre Luanda e Washington, os investimentos e acordos rubricados com a Administração Biden, parecem estar voltados numa maré de incógnita.
Portanto, independentemente da nova visão americana, Angola segue seu caminho, e alguns observadores identificam uma aproximação de Luanda a capitais de países membros dos BRICS, a organização antagónica ao bloco ocidental, tendo em conta a vontade de um grupo em manter o status quo da presente ordem internacional, e o desejo de outro de criar uma nova ordem mundial.

Na semana passada, João Lourenço realizou visitas de Estado a dois países membros dos BRICS, o Egipto e a Índia. Em ambas as visitas, João Lourenço teve como objectivo a captação de mais investimento externo.

De referir que, no princípio do seu primeiro mandato, precisamente em 2018, antes de sua aproximação ao governo dos Estados Unidos da América, João Lourenço manifestou a intenção de Angola aderir aos BRICS.

Falando na 10.ª cimeira daquela organização, que teve lugar na África do Sul, João Lourenço manifestou a intenção de colocar Angola na referida organização: “O vosso exemplo inspira-nos e motiva a trabalhar com a ambição de almejar o objectivo de um dia se poderem acrescentar outras letras à sigla BRICS”, sublinhara João Lourenço, que aproveitou a ocasião para apelar a um apoio desse organismo no sentido de Angola “superar os constrangimentos existentes” na sua economia.

Visão do CEDESA sobre aproximação Angola-Índia

O Centro de Estudos para o Desenvolvimento Económico e Social de África (CEDESA), com escritórios em Luanda, Lisboa e Oxford, já em 2024, havia sublinhado a importãncia de Angola estreitar relações com a Índia, atendendo ao crescimento económico e o potencial daquele país, bem como ao seu relacionamento com os Estados do Golfo, além do seu posicionamento global como país amistoso com os Estados Unidos, mas mantendo uma soberania externa própria.

“Igualmente importante, é que a Índia pode ser um amparo para Angola nas relações com o Golfo, onde muitos indianos ocupam posições destacadas no sector financeiro, e em simultâneo, servir de esteio para as difíceis negociações com a China sobre a dívida, e, finalmente, servir de exemplo para os Estados Unidos de um país amigo, mas que segue a sua política externa própria”, lê-se na análise do CEDESA.

Estes elementos, refere ainda o documento, quer económicos, quer de nível das relações internacionais, “são suficientemente robustos para chamar a atenção da diplomacia presidencial angolana no sentido de criar um quadro comum de cooperação política e comercial intensa”, apelaram os experts do CEDESA.

De referir que a Índia já é um dos mais importantes parceiros comerciais de Angola, e, como sugerem os estudiosos, espera-se que se alargue essa relação.

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