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Ascensão do Chega como segunda força política em Portugal: implicações geopolíticas

O Chega, fundado em 2019, capitalizou o descontentamento com a classe política tradicional, apelando a temas como imigração, segurança e combate à corrupção. A sua ascensão a segunda força política, com sondagens da RTP apontando-o como líder no voto decidido antes das eleições, reflecte uma mudança no eleitorado português, especialmente entre os jovens, onde o partido alcançou a primeira posição em abril de 2025. O PS sofreu a pior derrota desde os anos 80, enquanto a Aliança Democrática (AD), liderada pelo PSD, venceu com margem reduzida, indicando um cenário de polarização. No entanto, críticas ao Chega, incluindo acusações de corrupção, violência e ataques à democracia, geraram controvérsia, com sectores da sociedade considerando a sua ascensão “vergonhosa”.

Implicações Domésticas

Polarização Política: O crescimento do Chega intensifica a fragmentação do espectro político português. A sua retórica populista e anti-imigração, embora proibida pela Constituição portuguesa, ganhou tracção num contexto de insatisfação com questões económicas e sociais. Esta polarização pode dificultar a formação de coligações governativas, especialmente com o PSD, que enfrenta pressão para dialogar com o Chega sem ceder à sua agenda.

Desafios à Democracia: Acusações de ligações a movimentos extremistas e casos de corrupção ou violência associados ao Chega levantam preocupações sobre o respeito pelas normas democráticas. A legalização do partido, apesar de alegadas incompatibilidades constitucionais, sugere falhas na fiscalização judicial, o que pode minar a confiança nas instituições.

Mudança Social: O apoio crescente, especialmente entre jovens, aponta para uma transformação cultural em Portugal, com maior receptividade a discursos nacionalistas. Contudo, isso também alimenta tensões sociais, como protestos contra manifestações do Chega acusadas de racismo.

Implicações Geopolíticas

Impacto na UE: A ascensão de um partido de extrema-direita em Portugal alinha-se com tendências em outros países europeus, como França e Itália, onde forças populistas ganharam terreno. Isso pode reforçar a influência de grupos eurocépticos no Parlamento Europeu, afectando políticas de imigração e coesão da UE.

Relações com Países Africanos: Portugal, com laços históricos com África, incluindo Angola, pode enfrentar desafios nas relações bilaterais. A retórica anti-imigração do Chega pode gerar tensões com nações da CPLP, onde a mobilidade de cidadãos é um pilar. Angola, como parceiro estratégico, deve monitorizar o impacto nas dinâmicas migratórias e comerciais.

Estabilidade Regional: A polarização em Portugal pode enfraquecer a sua capacidade de liderar iniciativas na UE ou na CPLP, afectando a cooperação em áreas como segurança e desenvolvimento sustentável. Angola, com experiência em mediação regional, pode oferecer lições sobre diálogo inclusivo para mitigar tensões.

Perspectivas e Recomendações

O sucesso do Chega exige uma resposta equilibrada das instituições portuguesas, reforçando a transparência e o combate à corrupção para recuperar a confiança pública. A sociedade civil deve promover o diálogo para conter a polarização, enquanto a UE e parceiros como Angola podem apoiar iniciativas que fortaleçam a democracia. Angola, em particular, deve defender a cooperação na CPLP, garantindo que a ascensão de forças populistas não comprometa os laços históricos.

Conclusão

A confirmação do Chega como segunda força política em Portugal é um marco que reflecte insatisfação popular, mas também desafios à democracia e à coesão social. No contexto internacional, a ascensão do partido pode complicar as relações de Portugal com a UE e a CPLP, exigindo vigilância de parceiros como Angola. A resposta deve combinar fortalecimento institucional com diálogo inclusivo para evitar uma escalada de tensões e preservar a estabilidade.

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