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China convida a União Europeia para uma frente geopolítica contra hegemonia dos EUA: a Europa na encruzilhada da Ordem Global

A proposta da China para formar uma frente geopolítica com a União Europeia contra a hegemonia dos Estados Unidos é um movimento audacioso que coloca a UE numa encruzilhada histórica. Num mundo fragmentado pela guerra comercial, onde as tarifas de Donald Trump atingem tanto Pequim como Bruxelas, a oferta chinesa de uma aliança multilateral parece, à primeira vista, uma tábua de salvação. Contudo, esta escolha está repleta de riscos que exigem da Europa uma resposta pragmática e estratégica, capaz de preservar a sua autonomia e competitividade.

Por um lado, a China oferece um mercado de 1,4 mil milhões de consumidores e parcerias em sectores como tecnologia verde, cruciais para a transição climática. Com o comércio UE-China a atingir 800 mil milhões de euros em 2024, e com países como a Alemanha a dependerem fortemente de Pequim, a cooperação económica é tentadora. A proposta também ressoa com o apelo europeu à autonomia estratégica, permitindo à UE reduzir a dependência da segurança americana e desafiar a hegemonia do dólar, que a China contesta ao promover o yuan e o euro.

No entanto, alinhar-se com Pequim é um caminho perigoso. A UE não pode ignorar as divergências fundamentais com a China, desde o apoio de Xi Jinping à Rússia na Ucrânia até às práticas comerciais desleais que inundam o mercado europeu com produtos subsidiados. A sobreprodução chinesa em veículos eléctricos e turbinas eólicas ameaça indústrias estratégicas, enquanto a dependência de minerais críticos expõe fragilidades. Aceitar a proposta chinesa pode significar trocar a influência americana por uma nova dependência, comprometendo a competitividade europeia a longo prazo.

A alternativa, manter a equidistância, também não é isenta de custos. Rejeitar a China pode levar a retaliações económicas, como as impostas à Austrália, e agravar as tensões com os EUA, cujo mercado permanece vital. A divisão interna da UE, com países como Hungria pró-China e outros, como a Lituânia, alinhados com valores democráticos, dificulta uma resposta unificada, enfraquecendo a sua posição global.

A UE deve, pois, adoptar uma abordagem de “de-risking”, diversificando cadeias de abastecimento e investindo em sectores estratégicos, como semicondutores e energias renováveis. Uma cooperação selectiva com a China, condicionada a concessões como o respeito pelas regras da OMC e o fim de sanções a eurodeputados, pode ser benéfica, mas nunca às custas da soberania económica. A guerra comercial EUA-China, embora desafiadora, abre oportunidades para a UE conquistar mercados, desde que actue com coesão.

A história mostra que as potências que prosperam em crises são aquelas que mantêm a independência. A UE, com o seu mercado único e valores democráticos, tem a capacidade de se afirmar como um pólo de estabilidade. Para isso, deve resistir à tentação de escolher lados e focar-se em construir uma economia resiliente e uma diplomacia unificada. O futuro da ordem global depende da coragem da Europa para traçar o seu próprio destino.

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