Governistas conquistaram quase 83% dos votos; eleição foi marcada pela divisão da oposição e baixo comparecimento às urnas
O partido governista da Venezuela conquistou 82,6% dos votos nas eleições parlamentares e 23 das 24 governadorias do país. O pleito foi realizado no domingo (25.mai.2025), com participação de apenas 42,6% do eleitorado, segundo dados do governo federal. A oposição liderada por María Corina Machado havia convocado boicote às urnas, depois de uma onda repressiva que resultou na prisão de 70 opositores em 48 horas. As informações são do El País.
O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) divulgou os resultados próximo à meia-noite, com mais de 90% das atas apuradas. As diferentes bancadas que se apresentaram como oposição obtiveram cerca de 14% dos votos.
Entre os grupos opositores que participaram do pleito estão a Aliança Democrática, liderada por Timoteo Zambrano e os chamados “alacranes”, que negociaram sua sobrevivência com o chavismo nos últimos anos (6,25%); a Aliança UNTC Única, impulsionada por Henrique Capriles (5,18%); e a Fuerza Vecinal, que apoiou este último grupo (2,57%).
O processo eleitoral incluiu a controversa gestão da região do Essequibo. O território é controlado pela Guiana e o governo venezuelano incorporou como entidade federal neste pleito. Depois da divulgação dos resultados, o presidente Nicolás Maduro destacou: “Hoje demonstramos o poder do chavismo. Este povo conseguiu resistir”.
O presidente do CNE, Elvis Amoroso, declarou: “Nos sentimos profundamente orgulhosos desta jornada. O povo venezuelano se expressou. Viram o processo se desenvolver com toda normalidade e com a paz do nosso país. A paz da Venezuela será exemplo para o mundo”.
Jorge Rodríguez, atual presidente da Assembleia Nacional, afirmou que as eleições legislativas deram “o selo definitivo para a paz na Venezuela” ao derrotar “o fascismo”. Disse também que o pleito estabelece “uma nova realidade política”.
Rodríguez acrescentou: “Hoje escrevemos, todos e todas, em conjunto, como se fossem milhões e milhões de mãos entrelaçadas, uma página gloriosa na história da República Bolivariana da Venezuela. A paz esteja conosco, a paz esteja com vocês. Venezuela se encaminha para um futuro de prosperidade”.
María Corina Machado, que está na clandestinidade, escreveu em seu perfil no X: “Quando é sim, é sim. Quando é não, é não”, referindo-se à diferença entre a participação massiva nas eleições de julho e a abstenção atual. Posteriormente, declarou: “Hoje os venezuelanos voltamos a derrotar este regime criminoso. Mais de 85% dos venezuelanos desobedecemos a este regime e dissemos não. Acreditaram que à base de ameaças iriam dobrar as pessoas e isso o que provocou foi mais raiva. Até os funcionários públicos também disseram não”.
Por outro lado, outro nome forte da oposição, Henrique Capriles, defendeu a participação eleitoral: “Temos diversas opiniões, eu sou dos que acredita que para reivindicar o que este povo tem no coração é preciso expressá-lo”.
A administração dos Estados Unidos disse rejeitar “todas as tentativas de Nicolás Maduro e seu regime ilegítimo de minar a integridade territorial da Guiana, incluindo esta última farsa eleitoral na região do Esequibo”.
Maduro anunciou que o processo de consultas para a reforma constitucional pretendida por sua administração, que busca consolidar modelos organizativos e eletivos comunais, foi adiado para 2026.
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