Resultado pode afastar presidente do clube, suspeito em caso envolvendo o contrato com a casa de apostas VaideBet
O Conselho Deliberativo do Corinthians vota nesta 2ª feira (26.mai.2025) um dos pedidos de impeachment contra o presidente Augusto Melo. A reunião será realizada na sede social do clube, no Parque São Jorge, na zona leste paulistana, a partir das 18h.
O processo envolve acusações relacionadas ao contrato com a VaideBet, a infrações à Lei Geral do Esporte e ao desrespeito ao estatuto do clube. Há ainda outros dois pedidos de impeachment contra o dirigente, relacionados ao mesmo tema.
O acordo do Corinthians com a VaideBet foi anunciado em janeiro de 2024, com valor estimado em R$ 370 milhões por 3 temporadas, sendo o maior da história do clube até então.
A parceria foi rompida em junho do mesmo ano, após denúncias de que uma empresa intermediária teria repassado parte da comissão do contrato para uma firma ligada a uma suposta “laranja”, o que causou questionamentos sobre o negócio. O caso teve grande repercussão e contribuiu para o desgaste da imagem institucional do clube.
As suspeitas se intensificaram com um relatório da Polícia Civil de São Paulo divulgado na 6ª feira (15.mai). O documento mostra que mais de R$ 1 milhão da intermediação de R$ 1,4 milhão paga pelo Corinthians foi parar na empresa UJ Football, ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo investigações.
Por esse motivo, Melo foi indiciado pela Polícia Civil sob suspeita de furto qualificado por abuso de confiança, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O dirigente nega ilegalidades. A UJ Football nega ter ligações com o PCC.
PROCESSO NO CLUBE
Em janeiro de 2025, o conselho aprovou por margem apertada a abertura do processo de impeachment: 126 votos favoráveis e 114 contrários, entre os 240 conselheiros presentes. A reunião foi encerrada antes da votação final, por motivos de segurança.
Há divergência sobre o colégio eleitoral da atual sessão. O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr., defende o direito de voto de todos os cerca de 300 conselheiros. Outros grupos argumentam que apenas os presentes na votação de janeiro deveriam participar. Em votações similares, cerca de 250 conselheiros costumam comparecer.
O rito terá 30 minutos para exposição do presidente da Comissão de Ética, Roberson Medeiros, e igual tempo para a defesa de Melo, que deve ser representado pelo advogado Ricardo Cury. Representantes da Comissão Jurídica e do grupo que apresentou o pedido de impeachment também poderão se manifestar.
A votação será sigilosa, por meio de cédulas de papel, e a apuração ocorrerá imediatamente após o encerramento.
O estatuto do Corinthians lista 5 motivos para destituição de um presidente: crime infamante com sentença transitada em julgado, prejuízo à imagem ou ao patrimônio do clube, reprovação de contas, infração estatutária e gestão irregular ou temerária.
Caso a maioria dos conselheiros presentes aprovar o impeachment, Melo será afastado de imediato e substituído interinamente pelo vice-presidente Osmar Stábile. A decisão ainda precisará ser ratificada por assembleia-geral dos sócios, convocada por Romeu Tuma Jr. em até cinco dias.
Caso a assembleia rejeite a destituição, Melo reassume o cargo. Se confirmada, o Conselho Deliberativo elegerá um novo presidente para completar o mandato até o fim de 2026.
Melo afirma que não renunciará, preferindo enfrentar o processo. Os autores do pedido alegam que suas ações e omissões prejudicaram a imagem do clube e podem ter violado a Lei Geral do Esporte.
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