Investigações indicam que os suspeitos venderam dados por propina e facilitaram descontos ilegais no contracheque dos beneficiários
A PF (Polícia Federal) identificou 3 ex-funcionários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que receberam mais de R$ 17 milhões de intermediários ligados a associações suspeitas de fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas.
De acordo com a investigação, os funcionários do INSS venderam dados dos beneficiários em troca de propina e facilitaram os descontos indevidos diretamente no contracheque. As informações são do Estadão.
Os ex-funcionários são:
- Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-chefe da Procuradoria Federal Especializada do INSS;
- André Paulo Félix Fidélis, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão;
- Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação.
Segundo a PF, os valores foram repassados por meio de empresas registradas no nome de familiares dos ex-funcionários “sem motivo razoável conhecido para tanto”. A investigação faz parte da operação Sem Desconto, deflagrada na 4ª feira (23.abr.2025).
A PF identificou uma rede de pessoas físicas e jurídicas suspeitas de participar da distribuição de recursos desviados de beneficiários do INSS. De acordo com as investigações, o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, seria o operador central do esquema.
Antunes é dono de dezenas de empresas, incluindo uma offshore registrada nas Ilhas Virgens Britânicas, considerado paraíso fiscal no Caribe. Segundo a PF, ele e seus associados receberam R$ 53,5 milhões de entidades suspeitas —sendo R$ 48,1 milhões diretamente e R$ 5,4 milhões por meio de empresas vinculadas.
Virgílio Antônio recebeu R$ 11,9 milhões por meio de empresas registradas em nome da esposa e da irmã. André Paulo Félix Fidélis foi beneficiado com R$ 5,1 milhões, transferidos via empresas ligadas ao filho e à nora. Já Alexandre Guimarães recebeu R$ 313 mil. A investigação aponta ainda a transferência de um Porsche Taycan 2022 para a esposa de Virgílio.
“Observa-se a ação em conluio entre os investigados a fim de conferir aparente legalidade ao pagamento realizado pelos operadores financeiros e o recebimento de vantagens ilícitas por parte de servidores do INSS, abastecido pelo dinheiro proveniente dos descontos indevidos realizados pelas entidades associativas, em ação concertada”, afirmou a PF.
ENTENDA
A operação Sem Desconto investiga um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A ação apontou que 70% das entidades auditadas pela CGU (Controladoria Geral da União) não estavam com a documentação em dia.
Foram realizadas auditorias em 29 entidades que tinham ACTs (Acordos de Cooperação Técnica) com o INSS e entrevistas com 1.300 beneficiários. A maioria dos entrevistados afirmou não ter autorizado os descontos aplicados na folha de pagamento.
Além da ausência de autorização, as entidades investigadas não tinham estrutura para prestar os serviços prometidos.
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