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“Foi Manuel Vicente que convidou-me a participar da reestruturação da CIF”, diz general “Dino”

O general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” disse hoje, 4, em tribunal, que foi o ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente que o convidou a participar na reestruturação da China International Fund (CIF), “empresa que ajudou bastante” na reconstrução do país.

O então apontado como um dos mais ricos e influentes homens do elenco do ex-Presidente José Eduardo dos Santos é um dos arguidos no processo que envolve a Sonangol, a China International Fund (CIF) e antigas altas figuras do Estado, e começou hoje a ser ouvido pelo tribunal.

Na sessão desta quinta-feira, foram interrogados os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, que vinha sendo inquirido desde segunda-feira, 2, e Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, homens de confiança de José Eduardo dos Santos (já falecido), ambos acusados, em coautoria, dos crimes de peculato, burla por defraudação, associação criminosa, abuso de poder, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e tráfico de influência.

“Dino” sublinhou que, em 2002, era o comandante do centro de comunicações fixo da Presidência da República e as missões que recebia eram-lhe atribuídas pela Casa de Segurança do Presidente da República. Afirmou conhecer a empresa CIF, mas disse não saber como foi constituída, tendo-lhe sido solicitado, em 2016, que fizesse parte do processo de reestruturação, regularização e legalização dos projetos desta empresa, que se encontravam “abandonados” em Angola.

Na altura, o então vice-Presidente da República, Manuel Vicente, que foi o coordenador da relação de cooperação com a China, terá dito que os projetos da CIF se encontravam abandonados, relatou. De acordo com o general “Dino”, em 2016, integrou uma delegação, da qual fez parte Francisco de Lemos (que foi presidente do conselho de administração da Sonangol), que se deslocou a Singapura a pedido de Manuel Vicente.

“Dino” frisou que também o ex-Presidente da República havia feito um enquadramento do que tinham de fazer para apoiar o grupo CIF, que “ajudou bastante Angola quando começou o processo de reconstrução”, em 2002, após o fim do conflito armado no país.

Questionado pela juíza conselheira relatora Anabela Valente, se teve conhecimento da criação da empresa China Sonangol International, o arguido respondeu que não. Em 2020, os dois antigos homens fortes de José Eduardo dos Santos tiveram de entregar ao Estado várias empresas e edifícios detidos pela CIF Angola, que incluía fábricas de cimento, cerveja, automóveis, um centro de logística e edifícios de escritório e habitação.

Hoje, em interrogatório, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” disse ter aceitado o pedido do Procurador-Geral da República para colaborar com a justiça, entregando os bens da CIF ao Estado angolano, mas ficaria “mais atento” para evitar mal-entendidos.

“Sei que há uma queixa contra mim da parte chinesa por ter entregado 40% dos bens”, disse “Kopelipa”, referindo-se à quota parte da Utter Right Interational Limited e Plansmart International Limited, empresas igualmente arguidas neste processo.

Numa procuração, o arguido “Dino” terá conferido poderes ao general “Kopelipa” para entregar ao Estado 60% das ações da IF – Investimentos Financeiros.

Não consta entre os arguidos o ex-vice-Presidente de Angola e antigo líder da Sonangol Manuel Vicente, cujo nome está também ausente da lista dos 38 declarantes, apesar de ser citado no processo, no âmbito das suas ligações à CIF.

O antigo “patrão” da petrolífera estatal angolana, que gozou de imunidades legais para os titulares de cargos públicos durante cinco anos, após a sua saída do executivo, é também alvo de um processo-crime.

A meio da sessão, quando estava a ser interrogado o general “Dino”, a imprensa foi convidada a retirar-se da sala, sem uma justificação oficial, sendo apenas informada, por um funcionário ligado ao gabinete de comunicação do tribunal, de que não podia continuar a acompanhar o julgamento.

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