Chefes de Executivos estaduais defendem pragmatismo e estabilidade institucional para atrair investimentos e resolver problemas estruturais
Os governadores presentes no 14º Lide Investment Forum, realizado nesta semana em Nova York, fizeram um apelo conjunto —ainda que informal— por menos ideologia e mais entrega concreta por parte dos Poderes. A avaliação predominante foi de que o país precisa sair do “discurso fácil” para se concentrar em reformas estruturantes, segurança jurídica, responsabilidade fiscal e planejamento de longo prazo.
Participaram do encontro os governadores Eduardo Leite (RS), Ronaldo Caiado (GO), Raquel Lyra (PE), Ibaneis Rocha (DF), Cláudio Castro (RJ), Renato Casagrande (ES) e Jorginho Mello (SC). Em comum, os discursos destacaram que os Estados têm feito sua parte — com equilíbrio fiscal, redução de pobreza e estímulo ao setor privado —enquanto a esfera federal patina em polarizações e hesita em assumir reformas impopulares.
“Ganhamos a eleição, fizemos as reformas, reduzimos a folha de pagamento, recuperamos a capacidade de investir e enfrentamos os problemas do Estado sem brigar com as pessoas. O Brasil precisa de uma agenda de despolarização”, afirmou Eduardo Leite.
“Não é possível continuar governando com um presidencialismo que não tem controle sobre o orçamento”, disse Caiado, ao criticar a fragilidade da articulação política no Planalto. Para ele, o modelo atual restringe a governabilidade e emperra projetos. Também defendeu o fim da reeleição, por entender que quem se lança à disputa não consegue enfrentar os temas espinhosos.
Já o capixaba Renato Casagrande propôs uma abordagem mais técnica e sustentada por dados. Ressaltou os resultados do Espírito Santo —nota A em gestão fiscal, dívida pública negativa, melhoria nos índices de segurança e educação— e lançou um fundo de descarbonização de R$ 500 milhões com recursos do petróleo. “Organização da máquina pública e responsabilidade fiscal não são bandeiras de esquerda ou direita. São pré-requisitos para qualquer governo dar certo”, afirmou.
A governadora Raquel Lyra destacou o potencial logístico e energético de Pernambuco, com foco na transição energética, combate à pobreza hídrica e parcerias com a iniciativa privada. “Não queremos só colocar placa solar. Queremos fabricar tecnologia, exportar inovação e gerar renda para o povo”, disse.
Cláudio Castro cobrou segurança jurídica, dizendo que a falta de previsibilidade nas relações institucionais afasta o investimento estrangeiro. “Investidor pergunta qual é a relação do Executivo com o Legislativo e o Judiciário. O Brasil ainda passa imagem de instabilidade. Isso precisa mudar”, disse.
Ibaneis Rocha, por sua vez, exaltou o papel dos Estados na estabilidade democrática e econômica. E emendou um autoelogio: “temos o melhor grupo de governadores da história do Brasil”, afirmou.
Jorginho Mello apresentou Santa Catarina como exemplo de Estado que “tem dado certo”. Citou índices de emprego, segurança pública e longevidade. “Lá tem cidade que não prende ninguém há 5 anos. E quem quer empreender, encontra tapete vermelho”, afirmou.
Em diferentes tons e estilos, os governadores convergiram na crítica ao excesso de ideologia das pautas federais. Para eles, o Brasil precisa de mais ações concretas, menos polarização e um ambiente institucional que favoreça a cooperação entre os entes da federação e o setor produtivo. Disse Casagrande: “a população tem pressa e precisa de resultado”.
LIDE EM NOVA YORK
O Grupo Lide (Líderes Empresariais) realiza nesta 3ª feira (13.mai.2025) o 14º Lide Investment Forum, no Harvard Club, em Nova York (Estados Unidos). Discute o potencial de investimentos no Brasil.
Participam o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso; da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB); o procurador-geral da República, Paulo Gonet; o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo Filho; além de 7 governadores e diversos senadores e deputados federais.
Este é o 14º evento do Lide em Nova York. O Lide foi fundado em 2003 pelo ex-governador de São Paulo João Doria.
Hoje, é presidido pelo seu filho João Doria Neto. O chairman é Luiz Fernando Furlan. Ele foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no 1º e no 2º governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Eis a programação do evento –no horário de Brasília:
Sessão de abertura, às 9h:
- Michel Temer (MDB-SP), ex-presidente da República;
- Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara;
- Ciro Nogueira (PP-PI), senador;
- Nelsinho Trad (PSD-MS), senador;
- Irajá Silvestre (PSD-TO), senador;
- Tereza Cristina (PP-MS), senadora;
- João Doria, ex-governador de São Paulo;
- João Doria Neto, presidente do Lide;
- Fernanda Baggio, presidente do Lide Nova York.
O Brasil e o papel da institucionalidade com os Estados Unidos, às 10h:
- Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
- Vital do Rego Filho, presidente do TCU;
- Paulo Gonet, procurador-geral da República;
- Ilan Goldfajn, presidente do BID.
Como obter melhor acesso aos fundos multilaterais, às 11h30:
- Ilan Goldfajn, presidente do BID;
- Renan Calheiros (MDB-AL), senador;
- Alfonso Garcia Mora, vice-presidente para América Latina do IFC (International Finance Corporation) do Banco Mundial;
- Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil;
- Paulo Henrique Costa, CEO do BRB.
As relações econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos, às 11h20
- Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda;
- Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro;
- Ronaldo Caiado, governador de Goiás;
- Raquel Lyra (PSD), governadora de Pernambuco;
- Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal;
- Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo;
- Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina;
- Eduardo Leite (PSD), governador do Rio Grande do Sul.
Encerramento, às 12h50:
- Michel Temer, ex-presidente;
- João Doria, ex-governador de São Paulo.
*O jornalista viajou a Nova York a convite do grupo Lide.
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