Deputada passa a ter o nome divulgado como foragida internacional e pode ser presa no exterior; ela anunciou sua saída do Brasil após ser condenada pelo STF
A Interpol incluiu nesta 5ª feira (5.jun.2025) a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na lista de difusão vermelha da Interpol a pedido do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Com isso, a congressista passa a ter o seu nome divulgado como foragida internacional e pode ser presa no exterior.
Ao entrar na lista, as polícias nacionais dos países integrantes da organização internacional ficam sabendo que se trata de alguém que está sendo procurado. A Interpol não investiga nem prende ninguém por conta própria (entenda mais abaixo).
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O pedido de Moraes faz parte da decisão do ministro que decretou a prisão preventiva de Zambelli. Ele atendeu a um pedido da PGR (Procuradoria Geral da União) enviado à Corte depois que a deputada anunciou que havia saído do Brasil. A congressista foi condenada a 10 anos de prisão por tentar invadir os sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir mandados falsos de prisão.
Segundo o ministro, a prisão preventiva se justifica pela intenção da deputada de fugir da condenação. “É inequívoca a natureza da alegada viagem à Europa, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal”, escreveu Moraes na decisão.
Na decisão, o magistrado também determinou o bloqueio dos seus passaportes, contas bancárias, investimentos, veículos, imóveis e redes sociais.
CRITÉRIOS DA INTERPOL
As notificações vermelhas são publicadas depois da solicitação do juiz em casos em que há suspeita de que a pessoa procurada tenha deixado o país. Na solicitação, Moraes assume o compromisso e justifica o interesse em instruir eventual pedido de extradição, caso o foragido seja localizado e preso em outro país.
Toda a documentação relativa ao caso é encaminhada a uma das Representações Regionais da Polícia Federal, que analisa os aspectos formais da documentação –essa é a fase em que a solicitação de Zambelli se encontra.
Depois da análise, os documentos são enviados ao Escritório Central da Interpol, Divisão subordinada à Diretoria de Cooperação Internacional da Polícia Federal, para uma 2ª análise, com o objetivo de conferir formalidades e a tradução dos documentos para um dos idiomas oficiais.
A fase final é o envio dos documentos para a sede da Interpol em Lyon, na França, de forma eletrônica. Lá, a solicitação passará por uma análise formal e “material”. Caso seja necessário completar com mais dados, a Interpol poderá solicitar esclarecimentos. Não há prazo para que todo o processo seja concluído, mas pode levar alguns dias.
BRASILEIROS E INTERPOL
Há outros pedidos enviados pelo ministro Alexandre de Moraes para incluir brasileiros na difusão vermelha da Interpol: Oswaldo Eustáquio e Allan dos Santos.
No caso de Allan dos Santos, a Interpol não aceitou o pedido e, por isso, ele não é considerado um foragido. A organização considerou que os motivos apresentados são insuficientes para sustentar os indícios de crimes.
O pedido de extradição aos Estados Unidos, onde o jornalista está morando desde 2021, também não foi atendido. Allan é alvo de inquéritos (fake news e milícias digitais) no STF e teve a sua prisão preventiva determinada por Moraes, mas não tem condenação nem foi denunciado pelo Ministério Público.
Oswaldo Eustáquio é investigado por sua atuação em campanhas de intimidação contra agentes públicos e incitação a atos extremistas na Corte. Está na Espanha e teve seu pedido de extradição recusado. O país entendeu que o pedido de Moraes tem uma “motivação política”.
No caso de Zambelli, já há uma condenação. No entanto, o pedido de prisão é preventivo, e não diz respeito ao cumprimento da pena, porque ainda cabe recurso. Por enquanto ela está sem advogado no caso, que renunciou depois do seu anúncio de saída do Brasil. A prisão, portanto, vai depender da avaliação do país estrangeiro onde a congressista estiver localizada.
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