Netumbo Nandi-Ndaitwah, atual vice-presidente da Namíbia, está prestes a entrar para a história como a possível primeira mulher a assumir a presidência do país. As eleições desta quarta-feira mobilizam 1,4 milhão de eleitores, quase metade da população, em um momento decisivo para o país.
A candidata representa a Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO), partido que governa a Namíbia desde sua independência, em 1990. No entanto, a força política da SWAPO sofreu um abalo significativo nas eleições de 2019, quando perdeu a maioria de dois terços na Assembleia Nacional. Escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro na indústria pesqueira causaram esse revés, resultando na prisão de dois ministros e empresários ligados ao esquema.
Apesar dos desafios, os resultados preliminares de urnas especiais mostram Nandi-Ndaitwah e seu partido como favoritos. Contudo, a vitória não será simples. A vice-presidente enfrenta a difícil tarefa de atrair os jovens eleitores conhecidos como “nascidos livres” — aqueles nascidos após a independência do país. Diferentemente das gerações anteriores, esses eleitores valorizam resultados concretos e não apenas o legado histórico da SWAPO.
Promessas de Emprego e Investimentos para Jovens
Nandi-Ndaitwah, de 72 anos, prometeu criar 500 mil empregos em cinco anos, investindo 85 bilhões de dólares namibianos (US$ 4,7 bilhões). Além disso, questões como igualdade salarial, direitos reprodutivos e melhorias no sistema de saúde são centrais em sua campanha. No entanto, críticos consideram suas metas de criação de empregos ambiciosas demais para alcançar.
Caso eleita, Nandi-Ndaitwah seguirá os passos de líderes icônicas como Ellen Johnson Sirleaf, da Libéria, Joyce Banda, do Malawi, e Samba Panza, da República Centro-Africana. Sua vitória também pode simbolizar uma nova era para a representatividade feminina no continente africano. Analistas políticos ressaltam que, para se destacar, ela precisará implementar políticas transparentes e fortalecer a participação feminina nas estruturas políticas da Namíbia.
A Concorrência nas Eleições e as Mudanças na África Austral
Além da SWAPO, partidos como o Independent Patriots for Change e o Affirmative Repositioning prometem uma disputa acirrada, refletindo as mudanças políticas na África Austral em 2024, como a perda da maioria do ANC e a derrota do Partido Democrático de Botsuana.
Com a crescente importância das questões sociais e econômicas, a vice-presidente enfrenta não apenas a pressão de liderar um país, mas também de provar que a Namíbia pode ser um exemplo de governança democrática eficaz. Os eleitores aguardam com expectativa para decidir se este será o momento em que Netumbo Nandi-Ndaitwah fará história.
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