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Posições sobre clima não estão descoladas do lucro, diz ex-ministra

A ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira afirmou, nessa segunda-feira (26), que as interlocuções entre países e os posicionamentos que cada um assume diante das mudanças climáticas não estão descolados de metas de lucro. Ela foi a convidada especial do evento “O Brasil e a COP30”, promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

A integrante dos governos Lula e Dilma ressaltou que sempre entendeu essa agenda como sendo “de desenvolvimento, não uma agenda ambiental” e que avalia as temáticas relacionadas ao clima como parte da conjuntura geopolítica atualmente estabelecida.

“Não se iludam com o ‘vale a pena ver de novo’. Estão todos operando um jogo, sim, de interesses em que o risco climático aparece na equação da estabilidade do sistema financeiro internacional, do custo do dinheiro, do acesso às tecnologias e à divisão do mundo entre a China e os Estados Unidos”, disse ela, que esteve à frente da pasta no período de 2010 a 2016.

Antes de fazer uma análise mais profunda, a ex-ministra afirmou que “ninguém no Brasil está tratando publicamente” do contexto como iria fazer a seguir. Destacou que o Acordo de Paris, de 2015, emergiu como o intuito principal de “devolver os Estados Unidos à questão global”, uma vez que o país havia se recusado a ratificar o Protocolo de Kyoto, acordo internacional de 1997, e, cinco anos antes, em 1992, aderiu, depois de muita resistência, à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Ambos selavam compromissos relativos às emissões de gases de efeito estufa. 

O Protocolo de Kyoto entrou em vigor somente em 2005, justamente por causa do complexo processo de negociação. Nesse histórico de acordos, a constante, que perdura até hoje, é a indisposição de países mais desenvolvidos quanto a cobrir os custos das emissões, mesmo sendo eles que respondem pela maior parte do que é emitido.

Para a ex-ministra, o pensamento dos Estados Unidos está conectado ao negacionismo científico, ou seja, à refutação de evidências científicas apresentadas por especialistas altamente qualificados.

“Quer dizer que, politicamente, é uma posição clara de não tratar a questão climática como prioridade e, mais do que isso, uma ação deliberada contra a ciência. E a ciência americana nessa área é uma das mais sofisticadas do mundo”, afirmou, acrescentando que é necessário haver “senso de pragmatismo e realidade”.

“Não há cabimento que o mundo e o Brasil vivam do privilégio da ignorância ou vivam do privilégio do achismo. ‘Eu acho isso, eu acho aquilo’. Não”, protestou.  Europeus levam a sério porque têm agências de conhecimento, métricas”.

Bióloga, Izabella Teixeira lembrou a perspectiva estratégica do governo brasileiro, que firmou acordos bilaterais com a China e os Estados Unidos. “Brasil trouxe, em 2015, essa visão para o seu escopo de prioridade.”

Naquele período, contudo, o Brasil não assinou a Declaração de Nova York sobre Florestas, carta de intenções que antecede um tratado internacional, com a meta de cortar a emissão anual de gás carbônico (CO2) entre 4,5 e 8,8 bilhões de toneladas. À época, Izabella justificou a hesitação do país em aderir com o argumento de que não foi consultado e de que não havia distinção clara entre o que poderia ou não ser desmatado.

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