As psicólogas Ana Panzo e Hernanda Canganjo alertaram as famílias a prestarem atenção para os vários tipos de abuso sexual às adolescentes, com destaque para as conversas telefónicas sobre sexo.
Foi no passado dia 12 do corrente mês, no programa Ligação Jovem, da Rádio Correio da Kianda, que durante a discussão sobre “Consequências do abuso sexual na adolescência”, as especialistas fizeram o alerta às famílias.
As convidadas começaram por afirmar que existem várias formas de abuso sexual. Segundo a psicóloga Hernanda Canganjo, entre os vários abusos, as chamadas telefónicas também entram e são usadas como estratégia de aliciamento pelo abusador para preparar a vítima até completar o seu desejo final. As psicólogas explicaram como funciona a conversa nestas chamadas.
“Muitos agressores tendem a fazer propostas às suas vitimas para de alguma forma se envolverem com outras pessoas para que sirva de caminho ou a preparação, porque as vezes eles não querem ser os primeiros, eles dizem que vai se envolver com o teu namorado, experimenta isso e aquilo tu vais gostar e depois me diz, o chamado feedback, diz-me o que você sentiu, ou seja ele vai despertando na vítima um desejo de certas práticas que muitas vezes ela não pensou, ou usam marionetes ou sugerem a criança a brincar com o amiguinho sugerindo que ela experimente e se a criança experimentar e gostar ele vai ter o terreno pronto para perpetuar o estupro e a vítima sinta-se culpada e não tenha margens de conversar com outra pessoa porque ela encontra no abusador um amigo e alguém com quem tem coisas a partilhar”, disse.
Já a psicóloga Ana Panzo, acrescentou que, em psicologia, práticas como estas são chamadas de pseudo educação, ou a educação invertida que o abusador usa para deixar a vítima com um sentimento de culpa após a descoberta do abuso, e falou ainda que para completar a abuso através das chamadas, o abusador pode sugerir também que a vítima envie uma foto intima e caso a vítima mostre uma resistência para desinibir ele envia primeiro e faz a vítima perceber que não há maldade no pedido dele, e acaba por ter a troca de fotos como trunfo para que a vítima não tenha como recuar.
Aqui a psicóloga chama atenção aos pais a terem também muita atenção com os agressores sexuais virtuais.
Chamaram, igualmente, a atenção aos pais sobre o reforço no quesito educação sexual, aconselhando os mesmos a não esperarem a fase da adolescência para falarem sobre sexualidade e a usarem o método “Semáforo do corpo” para instruir os filhos.
Ana Panzo, falou também de algumas fases que compõem o abuso sexual, que são “os mecanismos introdutórios, que vêm com palavras de protecção, de carinho, como, eu gosto de si, eu quero te cuidar, a seguir tem o ritual de entrada onde já se envolve os toques até chegar no ritual de saída, onde ele perpetua o abuso e dá a perceber a vítima que o abuso ou a situação por hoje terminou”.
A Psicóloga Ana Panzo, frisou também que existem os abusos com o toque e sem o toque, e avançou que nos abusos sem o toque tem o exibicionismo e há o sem o toque que é o voyeurismo onde o abusador é capaz de acordar a madrugada para espreitar a criança enquanto dorme ou enquanto estiver a vestir ou a tomar banho, pois observando o proporciona prazer.
A psicóloga conta inclusive que já atendeu em consultório vários casos de pais que usaram esta prática de abuso com as filhas.
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