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Reinjeção de gás natural no Brasil segue em nível elevado

Em abril, foram 90,6 milhões de m³ por dia devolvidos aos poços, mantendo taxa acima de 50% desde outubro de 2022

A reinjeção de gás natural em poços de petróleo no Brasil continua elevada. Segundo o boletim mensal de abril da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), as petroleiras que atuam no país devolveram 90,6 milhões de m³/dia (metros cúbicos por dia) aos reservatórios no mês. O volume corresponde a 54% da produção total no período, que foi de 168 milhões de m³/dia.

Dados da agência apontam que a prática se intensificou a partir de 2015, com o início da operação das grandes plataformas do pré-sal. No Brasil, cerca de 85% do gás natural produzido é do tipo associado, ou seja, extraído junto ao petróleo. Para viabilizar a produção do óleo, as empresas também precisam retirar o gás, o que as obriga a decidir entre comercializar esse insumo ou reinjetá-lo.

Na prática, a devolução do gás ao reservatório é usada como estratégia para aumentar a produção de petróleo. O processo eleva a pressão nas jazidas, facilitando a extração do óleo. Como o petróleo tem maior valor de mercado, a reinjeção costuma ser mais vantajosa do ponto de vista econômico para as operadoras.

Países com perfil semelhante ao do Brasil —com predominância de gás associado— também adotam a reinjeção como prática comum. No entanto, as taxas variam de 20% a 35%, abaixo do percentual superior a 50% registrado no Brasil.

IMPORTAÇÃO DA ARGENTINA

Frente a essa situação, o Brasil pretende importar até 30 milhões de m³/dia de gás natural da Argentina até 2030. A meta foi classificada como “factível” pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), pelo potencial da jazida de Vaca Muerta e da demanda reprimida da indústria nacional.

Segundo o ministro, 17 empresas brasileiras já têm autorização da ANP para importar o insumo do país vizinho.

“O potencial de fornecimento de Vaca Muerta é infinito. E temos uma indústria pujante do lado brasileiro, sedenta por gás natural a preço competitivo, declarou. Ressaltou ainda que “os primeiros volumes já cruzaram” a fronteira entre os países.

“Um marco que celebramos”, afirmou Silveira durante o seminário “Desafios e Soluções para Integração Gasífera Regional”, realizado na sede do ministério, em Brasília.

Para viabilizar esse avanço, o ministro defendeu a necessidade de ajustes nas tarifas de transporte tanto na Argentina quanto na Bolívia, além de rever os custos internos no Brasil. Segundo ele, o custo do transporte e da distribuição pode chegar a quase US$ 5 por milhão de BTU (medida que equivale 26,8 metros cúbicos), o que compromete a competitividade do insumo.

Silveira afirmou que as tarifas estão “na mira” do governo federal e destacou que “a mesma infraestrutura não pode ser remunerada duas vezes”. Declarou também haver um compromisso do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), em trabalhar pela redução do custo de distribuição no Estado.

Entre as obras consideradas essenciais para o avanço da integração gasífera está a fase 2 do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre. Com 593 quilômetros de extensão, o projeto pretende interligar a Fronteira Oeste à região metropolitana de Porto Alegre.

A previsão de investimento é de R$ 6,83 bilhões, com capacidade de transporte de até 15 milhões de metros cúbicos por dia, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

FALTA DE INFRAESTRUTURA

Hoje, o Brasil tem pouco mais de 1/3 dos gasodutos que tem o país vizinho. Segundo dados compilados pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) a pedido do Poder360, o Brasil conta hoje com 58.436 km de gasodutos.

Já a Argentina tem uma extensão total de 162.500 km. Só a rede de distribuição argentina supera toda a malha brasileira. Quando comparada à infraestrutura da Europa e dos EUA, a malha brasileira não alcança 3% das demais.

Apesar de produzir mais gás, o Brasil ficou atrás da Argentina no desenvolvimento da infraestrutura necessária para distribuí-lo internamente. Uma das razões para essa diferença está no perfil de exploração de cada país: enquanto os argentinos concentram parte significativa de suas reservas em áreas terrestres, o Brasil extrai a maior parte do gás do pré-sal, em águas profundas.

Essa característica exige maiores investimentos em dutos e equipamentos para transportar o gás até a costa. Além disso, a própria reinjeção nos poços de petróleo também é um fator que limita o aproveitamento do insumo.



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