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Ruptura na Frente Patriótica Unida revela tensões internas na oposição

A oposição angolana entrou oficialmente num novo ciclo de instabilidade política com a divulgação de dois comunicados públicos que confirmam a rutura entre o partido PRA-JA Servir Angola, liderado por Abel Chivukuvuku, e a Frente Patriótica Unida (FPU), agora composta pela UNITA e o Bloco Democrático (BD). A separação, embora anunciada de forma formal, vinha sendo amadurecida nos bastidores há meses e expõe tensões internas sobre liderança, estratégia e representatividade no seio da oposição.

No comunicado tornado público ontem, sexta-feira (23 de Maio), o PRA-JA acusa os parceiros da FPU de ignorarem deliberadamente as decisões saídas do seu Congresso Constitutivo, realizado recentemente. Em tom assertivo, o partido declara a sua intenção de concorrer sozinho nas eleições gerais de 2027 e denuncia a existência de campanhas de difamação contra o seu líder, orquestradas, segundo o comunicado, por “milícias digitais” associadas à UNITA e ao BD.

Por outro lado, o comunicado da FPU, divulgado na última quarta-feira (21 de Maio), procura manter um tom institucional e de continuidade. A coligação reafirma o seu compromisso com a mudança de regime e com a luta contra a má governação, mas classifica com “pesar” a decisão unilateral do PRA-JA de abandonar a plataforma. A FPU evita entrar em confronto direto, mas o silêncio sobre as acusações do PRA-JA revela um distanciamento calculado e a tentativa de preservar uma imagem de estabilidade e unidade.

Fratura exposta

A Frente Patriótica Unida surgiu em 2021 como uma tentativa histórica de unir as principais forças da oposição numa única frente para disputar as eleições de 2022, em que a UNITA alcançou um resultado expressivo. No entanto, desde então, divergências quanto à gestão do projeto político-partidário foram se tornando visíveis.

Fontes próximas aos partidos admitem que a relação entre os líderes, Adalberto Costa Júnior, Filomeno Vieira Lopes e Abel Chivukuvuku, foi se deteriorando devido a diferenças de visão estratégica e disputas por protagonismo. A demora no reconhecimento oficial do PRA-JA como partido e a centralização das decisões na UNITA teriam agravado o clima de desconfiança.

Implicações eleitorais

A saída do PRA-JA representa uma perda simbólica e estratégica para a FPU, especialmente no plano da mobilização. Abel Chivukuvuku é uma figura carismática, com forte apelo sobretudo entre eleitores jovens e urbanos. Sua ausência pode fragmentar o voto opositor e beneficiar indiretamente o MPLA.

O futuro da oposição

Enquanto a UNITA e o BD se reagrupam para manter viva a FPU, o PRA-JA inicia um percurso solitário com ambição própria de vencer em 2027. O cenário aponta para uma recomposição das forças políticas no campo opositor, que poderá incluir a formação de novas coligações, a emergência de terceiros blocos ou até uma reaproximação estratégica no futuro, caso os riscos de derrota se mostrem demasiado altos.

Para já, o que se vê é uma oposição em movimento, mas dividida. A capacidade de superar ressentimentos e reencontrar um projeto comum será determinante para o futuro político de Angola. Afinal, como mostram as experiências recentes em outros países africanos, a alternância democrática raramente se alcança com uma oposição desunida.

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