Presidente sentiu tontura na tarde de 2ª feira e cancelou compromissos desta 3ª (27.mai); especialistas afirmam que causa pode estar relacionada à queda de Lula ocorrida em outubro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 79 anos, cancelou seus compromissos desta 3ª feira (27.mai.2025) por conta de uma crise de labirintite. Fará despachos do Palácio da Alvorada, e está clinicamente bem, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação).
Ele foi diagnosticado com labirintite na tarde de 2ª feira (26.mai.2025). Após sentir tontura, o presidente foi encaminhado para o hospital Sírio-Libanês em Brasília. Fez exames de sangue e ressonância magnética. De acordo com a equipe médica, os sintomas devem desaparecer em até 48 horas.
“O termo correto é labirintopatia, doença do labirinto”, explica Larissa Camargo, médica otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia, de Brasília. Trata-se de um distúrbio que afeta a estrutura interna da orelha. Apesar de ser popularmente chamada de labirintite, a inflamação do labirinto é rara.
Segundo Márcio Nakanishi, médico otorrinolaringologista e professor da UnB (Universidade de Brasília), a causa exata do quadro de labirintite determina o tratamento e o tempo de recuperação necessários.
O médico afirmou que existem 4 agentes causais para transtornos no labirinto. São eles:
- neuronite vestibular – disfunções com o neuro vestibular, que orienta o equilíbrio. Geralmente é causada por um vírus que atinge o labirinto. Neste caso, o tratamento inclui o uso de anti-inflamatórios para curar o quadro viral;
- origem metabólica – relacionada ao metabolismo do açúcar e dos lipídeos. No caso de dietas muito ricas em carboidrato, o açúcar atinge o labirinto e o descompensa. Como tem envolvimento com outras áreas do metabolismo, exige um tratamento integrado. Mas, com a medicação correta, os sintomas podem desaparecer em até 48h;
- VPPB (vertigem posicional paroxística benigna) – acontece quando pequenos cristais de cálcio do ouvido interno se desprendem e se movem dentro dos canais semicirculares. Provocam sensação de vertigem. Uma manobra de reposicionamento costuma resolver;
- causas vasculares – problemas de circulação podem restringir o fluxo sanguíneo para o ouvido interno, prejudicando o labirinto. O principal tratamento é o controle de fatores de risco, mas é considerado um quadro preocupante.
A equipe médica de Lula não divulgou a causa exata do quadro. Nakanishi afirma que duas causas podem ter relação com o acidente doméstico sofrido pelo presidente em outubro de 2024: os problemas vasculares e a VPPB.
“Ele caiu e formou um coágulo no cérebro. É tudo na cabeça”, disse.
Segundo Nakanishi, o sangue coagulado pode ter influenciado o labirinto do presidente. “Quando [Lula] bateu a cabeça, ele também pode ter deslocado uma pedrinha do ouvido interno. Ela fica solta, e provoca essa sensação de tontura”, afirmou.
Alessandra Venosa, conselheira da Abon (Associação Brasileira de Otoneurologia), concorda com a avaliação de Nakanishi. Segundo a especialista, o prazo de 48h até o fim dos sintomas de Lula indica que “é uma coisa benigna e de fácil controle”.
“A VPPB é a doença mais comum na faixa etária do presidente”, declarou.
SINTOMAS
Os principais sintomas da labirintite são:
- tontura;
- vertigem (sensação de que tudo gira);
- náusea, vômito;
- zumbido no ouvido;
- alteração do equilíbrio; e
- em alguns casos, dificuldade auditiva.
O quadro pode ser desencadeado por infecções virais, bacterianas, gripes, estresse, ansiedade, diabetes, hipertensão e distúrbios metabólicos.
QUEM PODE TER
A condição é mais comum em adultos a partir dos 40 anos e em idosos. Fatores como cansaço excessivo, estresse, pressão alta, diabetes, colesterol alto e ansiedade aumentam o risco de desenvolver crises.
“Os pacientes idosos estão mais sujeitos a terem alteração do equilíbrio pelo envelhecimento natural do sistema nervoso, acompanhado de alterações vasculares”, declarou Camargo.
PROGNÓSTICO
Para Venosa, independentemente da causa da doença no labirinto de Lula, o cenário é otimista. A especialista afirma que, hoje, a abordagem da medicina é mais moderna e permite o tratamento de condições que antes eram consideradas crônicas.
“Temos ferramentas de pesquisa para ter diagnósticos mais precisos e conduzir isso com resultados. Ele deve estar nessa fase de observação para que sejam feitos o diagnóstico e o melhor tratamento possível”.
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