Ex-presidente diz que a Constituição concentra poder na União, mas a realidade federativa é puxada pelos Estados
O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse nesta 3ª feira (13.mai.2025) que o Brasil precisa superar a polarização política e reencontrar a “pacificação” como caminho para o desenvolvimento.
Em discurso no 14º Lide Investment Forum, em Nova York, ele disse que há uma distância entre a Constituição formal, que favorece a União, e o que ele chamou de “Constituição real“, na qual os Estados têm protagonismo crescente.
“Vivemos uma democracia consolidada, mas com radicalização. Todos aqui —governadores, empresários, ministros— falaram da necessidade de pacificar o país”, declarou. Para Temer, a divisão política tem impedido o avanço institucional. “É preciso um novo ciclo, em que a pacificação permita que o Brasil seja, de fato, o país do futuro.”
Temer destacou que os Estados têm realizado transformações relevantes no Brasil contemporâneo. “O impulso do país vem particularmente dos Estados. Basta ouvir o que os governadores relataram sobre suas ações”, disse.
O ex-presidente elogiou o que chamou de “safra excepcional de governadores” e afirmou que, mesmo com a Constituição concentrando competências na União, o cotidiano federativo revela outro arranjo de poder.
Durante seu governo (2016–2018), Temer articulou medidas de alívio fiscal aos entes federativos. Ele citou a decisão de suspender por 6 meses a cobrança de dívidas dos Estados com a União como exemplo de fortalecimento do pacto federativo.
Temer projetou um papel geopolítico estratégico para o Brasil, especialmente na área de segurança alimentar. “Daqui a 15, 20 anos, o mundo terá 2 bilhões de habitantes a mais. A China e a Índia não têm água suficiente. O Brasil, com sua abundância hídrica e terras agricultáveis, pode ser o grande celeiro do mundo”, disse.
Segundo o ex-presidente, para alcançar esse potencial, o país precisa de estabilidade política, segurança jurídica e união institucional. “Confiamos no país, na liberdade, na democracia e na pacificação. E, portanto, confiamos na inserção permanente do Brasil no cenário internacional”, afirmou.
LIDE EM NOVA YORK
O Grupo Lide (Líderes Empresariais) realiza nesta 3ª feira (13.mai) o 14º Lide Investment Forum, no Harvard Club, em Nova York (Estados Unidos). Discute o potencial de investimentos no Brasil.
Participam o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso; da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB); o procurador-geral da República, Paulo Gonet; o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo Filho; além de 7 governadores e diversos senadores e deputados federais.
Este é o 14º evento do Lide em Nova York. O Lide foi fundado em 2003 pelo ex-governador de São Paulo João Doria.
Hoje, é presidido pelo seu filho João Doria Neto. O chairman é Luiz Fernando Furlan. Ele foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no 1º e no 2º governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Eis a programação do evento –no horário de Brasília:
Sessão de abertura, às 9h:
- Michel Temer (MDB-SP), ex-presidente da República;
- Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara;
- Ciro Nogueira (PP-PI), senador;
- Nelsinho Trad (PSD-MS), senador;
- Irajá Silvestre (PSD-TO), senador;
- Tereza Cristina (PP-MS), senadora;
- João Doria, ex-governador de São Paulo;
- João Doria Neto, presidente do Lide;
- Fernanda Baggio, presidente do Lide Nova York.
O Brasil e o papel da institucionalidade com os Estados Unidos, às 10h:
- Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
- Vital do Rego Filho, presidente do TCU;
- Paulo Gonet, procurador-geral da República;
- Ilan Goldfajn, presidente do BID.
Como obter melhor acesso aos fundos multilaterais, às 11h30:
- Ilan Goldfajn, presidente do BID;
- Renan Calheiros (MDB-AL), senador;
- Alfonso Garcia Mora, vice-presidente para América Latina do IFC (International Finance Corporation) do Banco Mundial;
- Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil;
- Paulo Henrique Costa, CEO do BRB.
As relações econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos, às 11h20
- Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda;
- Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro;
- Ronaldo Caiado, governador de Goiás;
- Raquel Lyra (PSD), governadora de Pernambuco;
- Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal;
- Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo;
- Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina;
- Eduardo Leite (PSD), governador do Rio Grande do Sul.
Encerramento, às 12h50:
- Michel Temer, ex-presidente;
- João Doria, ex-governador de São Paulo.
*O jornalista viajou a Nova York a convite do grupo Lide.
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