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Turquia como mediadora na crise Ucrânia-Rússia: análise geopolítica

A declaração da Turquia de que está pronta para acolher novas conversações entre a Rússia e a Ucrânia, reforça o papel estratégico de Ancara na mediação de conflitos internacionais. Este posicionamento ocorre após reuniões em Istambul onde delegações dos dois países discutiram um cessar-fogo, resultando na libertação de mil prisioneiros de guerra de cada lado.

Contexto das Conversações

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que entrou no seu quarto ano, causou devastação em solo ucraniano, com ataques a civis e infraestruturas, como o registado em Kiev a 24 de abril de 2025. As negociações em Istambul, mediadas pela Turquia e com participação dos EUA, marcaram o primeiro diálogo directo desde março de 2022. Apesar do acordo para troca de prisioneiros, a Rússia apresentou condições “inaceitáveis” para um cessar-fogo, incluindo a anexação de territórios ucranianos, o que foi rejeitado por Kiev. O Presidente Volodymyr Zelenskyy insiste num cessar-fogo de 30 dias e na libertação de prisioneiros, enquanto Vladimir Putin propõe conversações “sem condições prévias”, mas sem participar directamente, enviando delegações de nível inferior.

Implicações Geopolíticas

Papel da Turquia: A Turquia, sob a liderança de Recep Tayyip Erdogan, consolida-se como um actor neutro com capacidade de mediar conflitos. Desde 2022, Ancara já facilitou negociações, como o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro. A sua posição geográfica, entre a Europa e a Ásia, e relações com ambos os lados permitem-lhe actuar como ponte diplomática. A recente reunião do ministro turco Hakan Fidan com Sergei Lavrov em Moscovo, onde a Turquia reiterou a disponibilidade para novas conversações, sublinha este compromisso.

Desafios à Paz: As exigências russas, como a cedência de territórios, e a relutância de Putin em negociar directamente dificultam o progresso. Zelenskyy criticou a delegação russa por falta de mandato, descrevendo-a como “teatral”. A ausência de compromissos concretos, aliada à continuidade dos ataques, como os 343 drones ucranianos contra a Rússia em março de 2025, mantém o impasse.

Envolvimento Internacional: A pressão dos EUA, com Donald Trump a defender um cessar-fogo imediato após conversas com Putin, e a UE, com o 17.º pacote de sanções à Rússia, mostram a complexidade do processo. No entanto, a exclusão da Ucrânia em conversações russo-americanas na Arábia Saudita, em fevereiro de 2025, gerou tensões com aliados europeus, destacando a necessidade de uma abordagem inclusiva.

Perspectivas para o Futuro

A oferta da Turquia para acolher novas conversações é uma oportunidade para desanuviar o conflito, mas enfrenta obstáculos. A mediação turca deve garantir a participação de alto nível de ambos os lados e evitar condições que violem a soberania ucraniana. Angola, com experiência em mediação regional, pode aprender com este modelo, apoiando esforços multilaterais na UA para reforçar a diplomacia em crises globais.

Conclusão

A iniciativa da Turquia é um passo positivo, mas o sucesso depende da vontade política de Rússia e Ucrânia em cederem. A mediação deve priorizar um cessar-fogo duradouro e a protecção de civis, evitando ultimatos unilaterais. A comunidade internacional, incluindo actores como Angola, deve apoiar estes esforços, promovendo uma paz justa que respeite o direito internacional.

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